quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Armazenamento e distribuição de combustíveis no Amapá tem defasagem de 60 anos


Enquanto a capacidade de armazenagem é de cinco mil litros de gasolina, são necessários 20 mil para os 72 postos de Macapá e os nove de Santana não entrarem em colapso. A pior crise de abastecimento de combustíveis da história do Amapá é resultado de uma soma de fatores que vai desde o descaso e a leniência das autoridades até a falta de planejamento do país e do Estado. Com uma estrutura de armazenamento e distribuição do século passado, o Amapá precisaria de uma estrutura cinco vezes maior para dar conta dos atuais 150 mil veículos. A estrutura de armazenamento do produto foi construída na década de 1950, no município de Santana, para atender a extinta Icomi, quando a frota não chegava a 2 mil veículos. A solução seria a construção de um Terminal de Movimentação de Petróleo de Derivados (Petroport) que foi sugerida assim que a Petrobrás retirou a sonda de perfuração no poço exploratório de Oiapoque, no final de 2011, após ser atingida por fortes correntes marítimas na região. O acidente levou a distribuidora a abandonar o poço por causa de prejuízos de centenas de milhões. Esses terminais são compostos por um conjunto de instalações utilizadas para o recebimento, armazenagem e expedição de produtos, tornando-se um elo fundamental na infraestrutura de movimentação de petróleo e seus derivados. É a chance de o Amapá se tornar autosustentável e assim, dar conta de suprir a demanda por combustível. Mas o alerta foi ignorado e a Petrobrás está empenhada em instalar novas refinarias no país porque a estrutura atual está defasada. E para que as atenções sejam voltadas a um dos menores estados da federação, será necessário muito jogo de cintura dos deputados e senadores amapaenses. Isto porque, a falta de combustível está ocorrendo em outras regiões do Brasil. O Porto de Santana possui todas as características para a implantação do Terminal, por ser o segundo com maior calado do país (de 14 a 23 metros de profundidade). O Estado também ganharia com a arrecadação de tarifas inerentes ao setor aquaviário. A iniciativa poderá sofrer resistências de empresários que abastecem a Amazônia Oriental através de balsas. Mas é a única solução que se apresenta para resolver o problema e preparar o Estado para o crescimento esperado a partir da inauguração de duas hidrelétricas que tornarão o Amapá exportador de energia e trará possibilidades de desenvolvimento industrial.
A Gazeta