Os amapaenses têm se deparado com um cenário diferente do habitual, principalmente em Macapá. O que parece neblina é fumaça sufocando os moradores em plena área urbana. Focos de incêndio estão por toda a parte deixando a cidade encoberta por ‘tons de cinza’. Logo pela manhã é quase impossível abrir os olhos e até respirar – um perigo para a saúde humana que resulta em sangramento no nariz, coriza, tosse, rouquidão, entre outros sintomas de doenças respiratórias.
Isto porque, a fumaça libera substâncias tóxicas que irritam os olhos e obstruem as vias aéreas. Qualquer um pode sentir os efeitos dela, mas quem já tem problemas respiratórios, como asma, o cuidado deve ser redobrado evitando o contato com a fumaça. O cenário é facilmente observado em bairros como Marabaixo, Universidade e Lagoa dos Índios, onde predominam a vegetação de cerrado e a tufa – emaranhado de capim – vulneráveis a focos de incêndio.
De acordo com o Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis (NHMET/IEPA), o problema é ocasionado pelo tempo seco, e assim deve permanecer até janeiro de 2013. A previsão climática trimestral – novembro, dezembro e janeiro – aponta uma baixa de 40% das chuvas esperadas, o que já foi sentido ao longo desse mês. “Ao todo, são esperados 400 milímetros de chuvas durante esse período em todo o Estado. Mas observamos que desde o início de novembro, em Macapá não chegou a 10 milímetros”, exemplificou na última sexta-feira (23), o coordenador do Núcleo, Daniel Gonçalves, que apontou ainda temperaturas elevadas na região.
O que tem favorecido a estiagem e o forte calor é a baixa pressão atmosférica que tem predominado em todo o Estado do Amapá, explica o coordenador, inibindo a formação de nuvens. A esperada desaceleração do El Niño não aconteceu, o que também vem contribuindo para o tempo seco e temperaturas de até 50 graus conforme o termômetro localizado na rodovia Tancredo Neves, na zona norte.
Os boletins diários (ver mapa) do Monitoramento de Queimadas e Incêndios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram os municípios amapaenses com áreas de alto a crítico de risco de fogo. Em 2012, o Corpo de Bombeiros já registrou mais de mil focos em todo o Estado. Na última semana, foram encontrados 45, só em Macapá.
O período está tão propício às queimadas, que várias ocorrências vêm sendo atendidas em áreas de ressaca em função da água que secou com a falta de chuva restando os entulhos e o capim seco de fácil combustão. Daí a atenção redobrada dos pais com os filhos para não acontecer como no bairro Universidade, quando crianças brincavam perto de um pequeno campo de futebol e acenderam um fósforo na vegetação cerrada, segundo relato dos moradores. Levadas pelo vento, as chamas chegaram muito perto de casas e atingiram várias árvores.
Fonte: A Gazeta